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Vaticano reconhece frutos espirituais ligados às aparições em Medjugorje

“É chegado o momento de concluir uma longa e complexa história em torno dos fenômenos espirituais de Medjugorje. Trata-se de uma história em que se sucederam opiniões divergentes de bispos, teólogos, comissões e analistas”. Estas são as palavras iniciais de “A Rainha da Paz”, uma nota sobre a experiência espiritual ligada a Medjugorje, assinada pelo Cardeal Víctor Manuel Fernández e por Monsenhor Armando Matteo, respectivamente prefeito e secretário da seção doutrinal do Dicastério para a Doutrina da Fé. O texto foi aprovado pelo Papa Francisco em 28 de agosto.

O Dicastério para a Doutrina da Fé reconhece a bondade dos frutos espirituais ligados à experiência de Medjugorje, autorizando os fiéis a aderir a ela – de acordo com as novas Normas para o discernimento desses fenômenos – uma vez que “foram verificados muitos frutos positivos e não se difundiram no Povo de Deus efeitos negativos ou arriscados”. Em geral, o juízo das mensagens também é positivo, embora com alguns esclarecimentos sobre algumas expressões. Também é enfatizado que “as conclusões desta nota não implicam um juízo acerca da vida moral dos presumidos videntes” e que, em todo caso, os dons espirituais “não exigem necessariamente a perfeição moral das pessoas envolvidas para poder agir”.

Imagem de Nossa Senhora Rainha da Paz, em Medjugorje /Foto: Denis Kapetanovic/PIXSELL/Sipa USA

Frutos positivos

Os lugares ligados ao fenômeno de Medjugorje são visitados por peregrinos do mundo inteiro. “Os frutos positivos revelam-se sobretudo na promoção de uma sadia prática da vida de fé”, de acordo com a tradição da Igreja. Há “abundantes conversões” de pessoas que descobriram ou redescobriram a fé; o retorno à confissão e à comunhão sacramental, numerosas vocações, “muitas reconciliações entre cônjuges e a renovação da vida matrimonial e familiar”.

“É preciso mencionar – afirma a nota – que tais experiências acontecem sobretudo no contexto das peregrinações aos lugares dos eventos originários, mais do que durante os encontros com os ’videntes’ para presenciar as presumidas aparições”. Relatam-se também “numerosíssimas curas”. A paróquia da pequena localidade da Herzegovina é um lugar de adoração, oração, seminários, retiros espirituais, encontros de jovens e “parece que as pessoas vão a Medjugorje sobretudo para renovar a própria fé e não por causa de pedidos específicos”. Surgiram também obras de caridade que se ocupam de órfãos, dependentes químicos, deficientes e também há grupos de cristãos ortodoxos e de muçulmanos.

A mensagem da paz 

A Nota do Dicastério prossegue examinando os aspectos centrais das mensagens, começando pelo da paz entendida não só como ausência de guerra, mas também em um sentido espiritual, familiar e social: o título mais original que Nossa Senhora atribui a si mesma é de fato “Rainha da Paz”. “Eu me apresentei aqui como Rainha da Paz para dizer a todos que a paz é necessária para a salvação do mundo. Somente em Deus se encontra a verdadeira alegria da qual deriva a verdadeira paz. Por isso, peço a conversão” (16.06.1983). É uma paz que é fruto da caridade vivida, que “implica também o amor por aqueles que não são católicos”. Um aspecto que se entende melhor “no contexto ecumênico e inter-religioso da Bósnia-Herzegovina, marcado por uma terrível guerra com fortes componentes religiosos”.

Deus no centro

O convite ao abandono confiante em Deus, que é amor, surge com frequência: “Podemos reconhecer um núcleo de mensagens nas quais Nossa Senhora não se põe a si mesma no centro, mas se mostra plenamente orientada para a nossa união com Deus”. Além disso, “a intercessão e a obra de Maria aparecem claramente submissas a Jesus Cristo, como autor da graça e da salvação em cada pessoa”. Maria intercede, mas é Cristo quem “nos dá a força, portanto, toda a sua obra materna consiste em motivar-nos a ir para Cristo”: “Ele vos dará força e a alegria neste tempo. Eu estou próxima de vós com a minha intercessão” (25.11.1993). Mais ainda, muitas mensagens convidam a reconhecer a importância de pedir a ajuda do Espírito Santo: “As pessoas erram quando se dirigem unicamente aos santos para pedir alguma coisa. O importante é rezar ao Espírito Santo para que desça sobre vós. Tendo-o, tem-se tudo” (21.10.1983).

Chamado à conversão

Nas mensagens aparece “um constante convite a abandonar um estilo de vida mundano e um excessivo apego aos bens terrenos, com frequentes convites à conversão, que torna possível a verdadeira paz no mundo”. A conversão parece ser o centro da mensagem de Medjugorje. Há também uma “insistente exortação a não subestimar a gravidade do mal e do pecado e a tomar muito a sério o chamado de Deus para lutar contra o mal e contra a influência de Satanás”, indicado como origem do ódio, da violência e da divisão. Também são fundamentais o papel da oração e do jejum, bem como a centralidade da Missa, a importância da comunhão fraterna e a busca do significado último da existência na vida eterna.

Esclarecimentos necessários

A segunda parte do documento destaca como “algumas poucas” mensagens se afastam do conteúdo listado até agora. E, portanto, “para evitar que este tesouro de Medjugorje seja comprometido, é necessário esclarecer algumas possíveis confusões que podem conduzir grupos minoritários a distorcer a preciosa proposta desta experiência espiritual”.

Se algumas mensagens forem lidas parcialmente, elas podem parecer “conexas a experiências humanas confusas, a expressões imprecisas do ponto de vista teológico ou a interesses não totalmente legítimos”, embora algum erro possa não ser “devido à má intenção, mas à percepção subjetiva do fenômeno”. Em alguns casos, “Nossa Senhora parece mostrar certa irritação porque não foram seguidas algumas de suas indicações; adverte assim sobre sinais ameaçadores e sobre a possibilidade de não aparecer mais”. Mas, na realidade, outras mensagens oferecem uma interpretação correta: “Aqueles que fazem predições catastróficas são falsos profetas. Eles dizem: ‘Em tal ano, em tal dia, acontecerá uma catástrofe’. Eu sempre disse que o castigo virá se o mundo não se converter. Por isso, convido todos à conversão” (15.12.1983).

Insistência nas mensagens

Depois, há mensagens para a paróquia nas quais Nossa Senhora parece desejar ter um controle sobre detalhes do caminho espiritual e pastoral, “dando assim a impressão de querer substituir-se aos organismos ordinários de participação”. Em outros momentos, insiste sobre a escuta e aceitação das mensagens, uma insistência provavelmente provinda “do amor e do generoso fervor dos presumidos videntes, que com boa vontade temiam que os chamados da Mãe à conversão e à paz fossem ignorados”. Esta insistência se torna ainda mais problemática quando as mensagens “se referem a pedidos de improvável origem sobrenatural, como quando Nossa Senhora dá ordens sobre datas, lugares, aspectos práticos e toma decisões sobre questões ordinárias”. Na verdade, é a própria Nossa Senhora que convida a relativizar as próprias mensagens, submetendo-as ao valor inigualável da Palavra revelada nas Sagradas Escrituras: “Não busqueis coisas extraordinárias, mas antes tomai o Evangelho, lede-o e tudo vos será claro” (12.11.1982); “Por que fazeis tantas perguntas? Toda resposta está no Evangelho” (19.09.1981). “Não acrediteis nas vozes mentirosas que vos falam de coisas falsas, de uma falsa luz. Vós, filhos meus, tornai à Escritura!” (02.02.2018).

Resumo do Evangelho

A nota indica como problemáticas aquelas mensagens que atribuem a Nossa Senhora as expressões “o meu plano”, “o meu projeto”, expressões que “poderiam confundir. Na verdade, tudo quanto Maria realiza é sempre a serviço do projeto do Senhor e do seu plano divino de salvação”. Assim como não se deve erroneamente “atribuir a Maria um lugar que é único e exclusivo do Filho de Deus feito homem”. Por sua vez, o Dicastério para a Doutrina da Fé sublinha uma mensagem que pode ser considerada como uma síntese da proposta do Evangelho através de Medjugorje: “Desejo aproximar-vos sempre mais a Jesus e ao seu Coração ferido” (25.11.1991).

Culto público autorizado

“Ainda que isto não implique uma declaração do caráter sobrenatural” e recordando que os fiéis não são obrigados a crer nele, o nihil obstat – emitido pelo bispo de Mostar-Duvno em acordo com a Santa Sé – indica que eles “podem receber um estímulo positivo para sua vida cristã através desta proposta espiritual e autoriza o culto público”.

A nota também especifica que “a avaliação positiva da maior parte das mensagens de Medjugorje como textos edificantes não implica declarar que tenham uma direta origem sobrenatural”. E mesmo se possam subsistir – como é sabido – pareceres diversos “sobre a autenticidade de alguns fatos ou sobre alguns aspectos desta experiência espiritual, as autoridades eclesiásticas dos lugares onde ela esteja presente são convidadas a apreciar o valor pastoral e a promover a difusão desta proposta espiritual”. Permanece inalterado o poder de cada bispo diocesano de tomar decisões prudenciais no caso de haver pessoas ou grupos que “utilizando inadequadamente este fenômeno espiritual, atuem de modo errado”.

Por fim, o Dicastério convida aqueles que vão a Medjugorje “a aceitar que as peregrinações não são feitas para encontrar-se com os presumidos videntes, mas para ter um encontro com Maria, Rainha da Paz”.

Fonte: https://www.cancaonova.com/

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Casa Comum em Chamas

“Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras”, assim cantava São Francisco de Assis ao final de sua vida em 1225. No mesmo cântico, exalta o irmão fogo que ilumina a noite, sendo belo e jucundo, vigoroso e forte.

Hoje essas duas criaturas de Deus explodem nos cenários mais sofridos de um país inteiro que parece queimar em chamas, devastando matas e pastagens, cuja fumaça chega às grandes cidades impedindo a respiração de outros seres vivos. A falta de chuvas colabora não apenas para deixar rios sem água, mas contribui também para o aumento do fogo devastador.

O Papa Francisco denuncia na Encíclica Laudato Si’ o mal que provocamos pelo uso irresponsável da terra e abuso dos bens que Deus colocou sobre ela. Crescemos acreditando que éramos seus proprietários e dominadores, e estávamos autorizados a colocar fogo para limpar a terra nas pastagens e nas matas derrubadas. No interior vivenciamos esses mesmos cenários que agora nos enchem de medo e vergonha. Crescemos vendo animais correndo das chamas ou sendo literalmente fritos no fogo vigoroso e impactante.

O processo de colonização do solo brasileiro ao longo de sua história foi gerando uma cultura de domínio sobre a terra e as queimadas vieram com a função de limpar áreas para cultivo, renovação de pastagens, queima de resíduos, eliminação de pragas e doenças, destruição de resíduos urbanos especialmente o lixo e até mesmo como técnica para caça de animais. Constituímos uma cultura primitiva de fazer frutificar a terra à custa de sua vida. Ela grita de dor a cada instante.

Por outro lado, nossos órgãos de governo estão dominados por uma política em que predomina a agenda negativa através da adoção de legislação cada vez mais restritiva para o uso do fogo, incremento de polos de monitoramento, aumento dos contingentes fiscalizadores e adoção de medidas repressivas como multas e outras penalidades. Essa agenda demonstrou nesse ano de 2024 que o problema cresce, permanece de modo latente ou explode com toda intensidade causando graves problemas nos aglomerados populacionais.Estamos com uma política ineficaz para a mudança de uma cultura do uso desenfreado do fogo.

Uma das alternativas desenvolvidas pelas ciências da terra é o desenvolvimento de processo de modernização da agricultura com a incorporação de novas tecnologias que substituem o uso do fogo nos sistemas de produção aumentando a sustentabilidade agrícola.

Há mais de vinte anos, o Brasil criou uma política para mudança desse cenário apocalíptico agindo na identificação e monitoramento das áreas prioritárias, uso de tecnologias para redução da prática de queimadas, incremento de cartilhas de divulgação e orientação e seminários locais e regionais com agricultores. O resultado desse esforço parece que foi devorado pelas chamas, pois somente nesse ano até 11 de setembro o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) detectou por satélite 172.815 focos de incêndio ou queimadas.

A indiferença de cada um de nós a esse grave pecado nos torna cúmplices da mesma situação. Hoje Deus não nos perguntaria apenas onde está o nosso irmão Abel, mas também onde está a nossa irmã terra, os nossos irmãos animais, a nossa irmã água, etc. O Papa Francisco nos convoca como missionários para unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar.

E nos convida de maneira urgente a renovar o diálogo sobre a nossa maneira de construir o futuro do planeta, desenvolvendo um debate que nos una a todos uma vez que o desafio ambiental tem forte impacto sobre todos nós. Em cada comunidade, cada paróquia, cada celebração, cada sala de catequese podemos iniciar processos de construção de uma nova cultura para o uso da terra.

Tanto a negação do problema como a indiferença diante dele afetam gravemente a nossa fé cristã. Resignação acomodada ou confiança cega nas soluções técnicas não produzem resultados. Diz o Papa: “Precisamos de nova solidariedade universal”. Precisamos desenvolver uma cultura solidária com nossos irmãos e com a casa comum.

Os talentos não são suficientes para conter as chamas do fogo devorador. É preciso o envolvimento de todos nós para reparar o dano causado pelos humanos sobre a criação de Deus e impedir o crescimento do mal feito chama. Todos e todas podemos colaborar como instrumentos de Deus no cuidado da criação. A salvação de cada um de nós passa obrigatoriamente pela salvação da terra, obra divina, nossa casa comum.

Edebrande Cavalieri

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Segunda Sessão do Sínodo dos Bispos

O site cnbb.org.br, divulgou como será a segunda sessão do Sínodo dos Bispos. Veja como será:

Aproxima-se a segunda sessão do Sínodo dos bispos que trata o tema “Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão”, num longo processo de escuta iniciado em 2021. A sua organização foi apresentada no dia 16 de setembro.

A XVI Assembleia Sinodal decorrerá de 2 a 27 de outubro, mas os dias anteriores vão ser lugar de retiro. Grande atenção para a celebração penitencial de dia 1º de outubro na qual vão ser escutados testemunhos de pessoas que sofreram o pecado dos abusos, da guerra e da indiferença.

Destaque no programa para algumas atividades especiais:
– Dia 11 de outubro, na data dos 62 anos da abertura do Concílio Vaticano II, será organizada pela Comunidade de Taizé, uma vigília ecuménica;

– Nos dias 9 e 16 de outubro haverá fóruns teológico-pastorais sobre temas como o papel da autoridade do bispo numa Igreja sinodal e a relação entre Igreja-local e Igreja-universal;

– Dia 21 de outubro será de novo tempo para retiro espiritual implorando ao Senhor os seus dons para a elaboração do documento final do Sínodo.

O essencial do Instrumento de Trabalho

Recordemos aqui o essencial do Instrumentum Laboris (instrumento de trabalho – IL ) para a segunda sessão desta Assembleia Sinodal. O coração deste documento apresenta três partes com elementos essenciais da dinâmica sinodal: Relações, Percursos e Lugares.

Escuta e diálogo
Instrumentum Laboris tem como título “Como ser Igreja sinodal missionária”. O documento é a base consolidada de três anos de um caminho de reflexão, de escuta e de discernimento nas comunidades eclesiais de todo o mundo.

O texto sinodal recorda as “etapas diocesanas, nacionais e continentais, num diálogo contínuo impulsionado pela Secretaria Geral do Sínodo através de documentos de síntese e de trabalho”.

A primeira sessão da assembleia sinodal em 2023, com o seu Relatório de Síntese abriu caminho a uma consulta posterior às Igrejas locais, a partir de uma questão orientadora: “Como ser Igreja sinodal em missão?”.

Este documento agora publicado será a base para a segunda sessão do Sínodo. Um ponto de chegada, mas também de partida, que prepara a aplicação da dinâmica sinodal na Igreja.

O processo não termina em 2024

“As duas Sessões não podem ser separadas e muito menos opostas: decorrem em continuidade e sobretudo fazem parte de um processo mais amplo que, de acordo com as indicações da Constituição Apostólica Episcopalis communio, não terminará no final de outubro de 2024”, recorda a introdução do IL assinalando o “caminho de conversão e de reforma que a Segunda Sessão convidará toda a Igreja a realizar”.

“Estamos ainda a aprender como ser Igreja sinodal missionária, mas é uma missão que experienciámos poder empreender com alegria”, diz o texto.

O documento destaca especialmente a importância da metodologia sinodal da Conversação no Espírito, no caminho percorrido até ao momento.

Continuar a reflexão sobre o diaconado feminino
De destacar neste documento da Secretaria Geral do Sínodo “os aspetos da vida da Igreja abertos à participação das mulheres”, sendo referido que “frequentemente não são utilizadas” todas essas possibilidades de participação.

É afirmado que em algumas culturas há ainda uma clara “presença do machismo, sendo necessária uma participação mais ativa das mulheres em todos os setores eclesiais”. Recorda o Papa Francisco quando afirma que a perspetiva das mulheres “é indispensável nos processos decisórios e na assunção de funções nas diversas formas de pastoral e de missão”.

A este propósito, o IL informa que o tema do diaconado feminino “não será objeto dos trabalhos da Segunda Sessão”, sendo apontado que se “prossiga a reflexão teológica, com tempos e modalidades adequados”. Confia esse trabalho de amadurecimento a um dos grupos de estudo já em funcionamento no âmbito sinodal e que continuarão ativos em 2025.

Por uma conversão das “relações”
A Parte I do IL dedica-se às “Relações” e afirma que “ao longo de todo o processo sinodal e em todas as latitudes emergiu a exigência de uma Igreja não burocrática, mas capaz de nutrir as relações”.

O texto salienta que “a sinodalidade, enquanto exigência da missão, não é entendida como um expediente organizativo, mas sim vivida e cultivada como o conjunto das formas segundo as quais os discípulos de Jesus tecem relações solidárias, capazes de corresponder ao amor divino que continuamente os reúne e que são chamados a testemunhar nos contextos concretos em que se encontram”.

“Compreender como ser Igreja sinodal em missão passa, portanto, por uma conversão relacional, que reoriente as prioridades e as ações de cada um, nomeadamente daqueles que têm a missão de animar as relações ao serviço da unidade, no concreto de uma partilha de dons que liberta e enriquece todos”, refere o texto.

Especial destaque nesta parte do documento para o encontro “Párocos pelo Sínodo” que decorreu este ano no Vaticano e no qual foi sugerida “uma compreensão renovada do Ministério ordenado no horizonte da Igreja sinodal missionária”.

Propõe uma reflexão sobre “as relações, estruturas e processos que podem favorecer uma visão renovada do Ministério ordenado, passando de um modo piramidal de exercitar a autoridade para um modo sinodal”, revela o texto.

“No âmbito da promoção dos carismas e ministérios batismais, é possível implementar uma reativação das funções cuja execução não exige o sacramento da Ordem. Uma distribuição mais articulada das responsabilidades poderá indubitavelmente favorecer também processos decisórios caracterizados por um estilo mais claramente sinodal”, refere o documento.

“Percursos” de formação, discernimento e decisão
A Parte II – Percursos, “põe em evidência os processos que asseguram o cuidado e desenvolvimento das relações, em particular a união a Cristo com vista à missão e à harmonia da vida comunitária, graças à capacidade de enfrentar em conjunto conflitos e dificuldades”.

Destaque especial para a importância da formação. “Para muitos, a participação nos encontros sinodais constituiu uma ocasião de formação sobre o conhecimento e a prática da sinodalidade”. Ou seja, conhecer o “modo como o Espírito atua na Igreja e a guia ao longo da história”, diz o texto.

“Não pode ser uma formação exclusivamente teórica”, alerta o IL, assinalando “a necessidade de uma formação comum e partilhada, na qual tomem parte homens e mulheres, Leigos, Consagrados, Ministros ordenados e Candidatos ao Ministério ordenado, permitindo assim aumentar o conhecimento e a estima recíprocos, bem como a capacidade de colaboração”.

“Solicita-se igualmente que seja prestada especial atenção à promoção da participação das mulheres nos programas de formação, ao lado de Seminaristas, Sacerdotes, Religiosos e Leigos”, refere o texto.

O IL refere que “o ponto de partida e o critério de referência de todo o discernimento eclesial é a escuta da Palavra de Deus”. Sustenta que “o discernimento envolve todos, tanto os que participam a nível pessoal como comunitário, exigindo cultivar disposições de liberdade interior, abertura à novidade e abandono confiante à vontade de Deus, e permanecer à escuta uns dos outros, a fim de escutar «o que o Espírito diz às Igrejas»”, diz o documento.

“Um processo de discernimento articula concretamente comunhão, missão e participação. Por outras palavras, é um modo de caminhar juntos.”, salienta o IL.

Especial destaque também neste documento de trabalho para os processos de decisão, sendo sublinhado que na “Igreja sinodal toda a comunidade, na livre e rica diversidade dos seus membros, é convocada para rezar, escutar, analisar, dialogar, discernir e aconselhar na tomada de decisões pastorais”.

Nos “lugares” superar o modelo piramidal

Finalmente, a Parte III do IL dirige a sua atenção aos “Lugares”, no seu registo de contexto e de cultura. “A vida sinodal missionária da Igreja, as relações que a integram e os percursos que asseguram o seu desenvolvimento, nunca podem prescindir do concreto de um ‘lugar’, ou seja, de um contexto e de uma cultura”, diz o documento sinodal.

“Esta Parte III convida-nos a superar uma visão estática dos lugares, que os ordena por níveis ou graus sucessivos (Paróquia, zona, Diocese ou Eparquia, Província Eclesiástica, Conferência Episcopal ou Estrutura Hierárquica Oriental, Igreja universal) segundo um modelo piramidal”, refere.

Segundo o IL, “o anúncio do Evangelho, suscitando a fé no coração dos homens e das mulheres, permite que num lugar se constitua uma Igreja. A Igreja não pode ser compreendida sem implementação num lugar e numa cultura e sem as relações que se estabelecem entre lugares e culturas. Destacar a importância do lugar não significa ceder ao particularismo ou ao relativismo, mas sim valorizar a realidade concreta em que, no espaço e no tempo, se constrói uma experiência partilhada de adesão à manifestação de Deus salvador”.

Especial nota neste documento sinodal para o facto de que “a pertença à Igreja, manifesta-se, atualmente, com um número crescente de formas que não remetem para uma base geograficamente definida, mas para ligações de tipo associativo. Esta variedade de formas é promovida, tendo sempre presente a perspetiva missionária e o discernimento eclesial daquilo que o Senhor pede em cada contexto particular”.

É sublinhada a necessidade de serem valorizados os conselhos paroquiais e diocesanos como “instrumentos essenciais para o planeamento, a organização, a execução e a avaliação das atividades pastorais”.

Estes conselhos podem incluir alguns aspetos de “estilo sinodal”: “podem ser alvo de processos de discernimento eclesial e de processos decisórios sinodais e lugares da prática da prestação de contas e da avaliação de quem exerce cargos de autoridade, sem esquecer que, por sua vez, estas pessoas devem dar conta do modo como desempenham as suas funções”, refere o documento da Secretaria Geral do Sínodo.

No seu penúltimo ponto (111) o IL revela que este documento “interroga-se e interroga-nos sobre como ser uma Igreja sinodal missionária; como nos empenharmos numa escuta e num diálogo profundos; como sermos corresponsáveis à luz do dinamismo da nossa vocação batismal pessoal e comunitária; como transformarmos estruturas e processos de modo a que todos possam participar e partilhar os carismas que o Espírito infunde em cada um para benefício comum; como exercer poder e autoridade como serviço. Cada uma destas perguntas é um serviço à Igreja e, através da sua ação, a possibilidade de curar as feridas mais profundas do nosso tempo”, diz o IL.

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Curso “POM a serviço da Igreja local e da missão universal” tem inicio nesta semana

O Centro Cultural Missionário (CCM) e as Pontifícias Obras Missionárias (POM), com apoio das Edições CNBB, oferecem iniciativas de formação para a Igreja no Brasil. Inicia nesta terça, 16 de julho, o curso “As POM a serviço da Igreja local e da missão universal”. O curso acontece nos dias 16 a 18 de julho de 2024, das 19h30 às 21h.

O objetivo da formação é ajudar os participantes a perceberem a importância de implantar, expandir e apoiar as POM nas dioceses e do seu fundamental serviço às Igrejas particulares para viverem sua natureza missionária e cooperarem com a missão universal. Essas Obras, que são pontifícias, isto é do Papa, mas também episcopais, isto é dos Bispos e das dioceses, existem para despertar e fomentar o espírito missionário universal no povo de Deus.

A formação é direcionada a todos os que desejam viver, de maneira mais madura, sua fé cristã e sua vocação missionária, qualificar sua cooperação com a missão universal da Igreja, aprofundar conteúdos de temática missionária e capacitar-se para o serviço de animação: coordenadores de pastoral, membros dos Conselhos Missionários (COMIRE, COMIDI, COMIPA, COMISE) e das Pontifícias Obras Missionárias (POM), lideranças e agentes de pastoral, consagrados/as, ministros ordenados, membros de Congregações, institutos, novas comunidades.

As inscrições serão realizadas através do site do CCM. O investimento para cada curso é de R$ 60,00 (sessenta reais).

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Mês Vocacional 2024

A celebração de abertura nacional do Mês Vocacional acontecerá no dia 1º de agosto, às 19h, na Basílica São Francisco de Assis, em Brasília (DF). A missa será presidida pelo bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers. A iniciativa será transmitida também, ao vivo, pelas redes sociais da Conferência (@cnbbnacional).

O mês vocacional, celebrado em agosto, é uma tradição na Igreja do Brasil, ocasião em que todo o povo de Deus é chamado a rezar pelas vocações e a promover todas as vocações. Em 2024, a Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e da Vida Consagrada da CNBB, principal articuladora do mês, convida a refletir a temática “Igreja como uma sinfonia vocacional” e o lema “Pedi, pois, ao Senhor da Messe”.

“Por isso, para ajudar nesse mês vocacional, nós temos um lema – Pedi, pois, ao Senhor da Messe -, nesse ano da oração que nos prepara também para o jubileu de 2025. Portanto, vamos e somos todos convidados a rezar pelas vocações, a promover as vocações nas nossas igrejas particulares, dioceses, paróquias e comunidades e ao mesmo tempo ajudar os vocacionados e as vocacionadas, destaca o presidente da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, dom Ângelo Ademir Mezzari.

Assista, abaixo, o depoimento de dom Ademir sobre o Mês Vocacional:

Subsídio

Para ajudar as comunidades a refletirem, sobretudo no tempo de oração e reflexão, foi organizado um subsídio, no qual são apresentadas reflexões e orações para os momentos da vida da comunidade, dedicadas ao Ministério Ordenado, à vida familiar matrimonial, à vida religiosa consagrada e aos ministérios leigos.

Dom Ângelo Ademir Mezzari, presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, salienta que o subsídio “Hora Vocacional” oferece a oportunidade de refletir e rezar pelas vocações.

“O grande convite que nós fazemos é que nessa Igreja, que é uma sinfonia vocacional, isso é, onde todas as vocações e ministérios têm o seu lugar, desde o bispo, o sacerdote, o diácono permanente, os religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, a vida, a família, os diversos serviços e ministérios na Igreja, formem essa sinfonia e essa polifonia, onde todas as vocações podem exercer a sua missão, mas podem se expressar de acordo com a sua especificidade”.

ACESSE AQUI O SUBSÍDIO DO MÊS VOCACIONAL 

Identidade Visual

O cartaz do mês vocacional é inspirado no convite do Papa Francisco para sermos, enquanto Igreja, uma Sinfonia Vocacional, que evoca movimento e leveza, a música e a dança, inspirados pelo próprio Cristo.  Irmão Luiz Carlos Lima, autor da identidade visual, destaca os elementos da obra:

Jesus, é aquele que rege essa grande sinfonia de vocações, dons e carismas. Ele, com seu grande coração, se move a convidar, animar e acompanhar os vocacionados e as vocacionadas em seus mais diferentes chamados. Ao mesmo tempo esse movimento parte da Igreja, mas sai dela, como nos convida o Papa Francisco: para que sejamos uma “Igreja em saída”. Dessa forma, a pauta, utilizada para escrever as partituras musicais, traz em si os vocacionados e vocacionadas como notas musicais, “com todas as vocações unidas e distintas em harmonia e juntas em saída para irradiar no mundo a vida nova no Reino de Deus”. (Papa Francisco)  

A circularidade e os círculos que compõem a imagem, falam da fraternidade e da saída de modelos até então “enquadrados” por diversas leis, passando para as possibilidades de movimentos mais circulares, horizontais, sem dobras, mas inteiro e partindo de um único ponto: Jesus Cristo e o Reino.  

O coração exposto de Jesus faz menção ao recente Ano Vocacional que a Igreja no Brasil vivenciou. Este coração que arde e que faz os nossos pés se colocarem a caminho, em uma Igreja em que a cultura vocacional seja cada vez mais cultivada. 

O telhado abaixo da torre quer simbolizar a casa, lugar da família, igreja doméstica, pois “na Igreja, somos todos servos e servas, segundo diversas vocações, carismas e ministérios. A vocação ao dom de si próprio no amor, comum a todos, desenvolve-se e concretiza-se na vida dos cristãos leigos e leigas, empenhados a construir a família como uma pequena igreja doméstica”. (Papa Francisco) 

O relógio evoca a hora dedicada a Nossa Senhora (18h). Ela que é a vocacionada por excelência, também nos convida a entrar nessa sinfonia. As pessoas, apresentadas na partitura, traz representações das mais diversas expressões de vocações: laical, ministérios ordenados e vida consagrada.  

A arte convida o leitor a entrar nessa melodia, a sentir e a confirmar que sua vocação não é apenas uma nota ou um tom isolado, mas sim, parte de uma grande Sinfonia. Uma só canção, um só coração, um só corpo em Cristo (cf. I Cor 12,12). 

Fonte: publicação de cnbb.org.br
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Comunidade Epifania participa de comissão arquidiocesana para Exposição sobre o Concílio Vaticano II

Uma nova comissão, coordenada por dom Andherson Franklin Lustoza de Souza, bispo auxiliar de Vitória, foi criada para pensar, programar e realizar uma Exposição sobre o Concílio Vaticano II.

A Exposição vai acontecer no primeiro semestre de 2025, no Cecates, Centro Católico de Estudos na Praia do Suá.

Segundo Giovanna Valfré, coordenadora do Centro de Documentação e membro da nova comissão, os objetivos são: fazer memória da história de maneira integrada em suas etapas, enriquecer o sentido de pertença à Igreja, entender o Concílio Vaticano II com seu percurso, personagens e desdobramentos e, recuperar a força do Vaticano II a partir daquilo que a Igreja aponta hoje com o Papa Francisco. Ainda, segundo Giovanna, a Exposição será composta com fotos, documentos, materiais gráficos, áudios e vídeos.

A comissão é composta por dom Andherson Franklin, bispo auxiliar; Raquel Tonini, formadora geral da Comunidade Epifania, arquiteta e membro da Comissão de Arte Sacra; Vitor Schneider, juiz e membro fundador da Comunidade Epifania; Maria Amélia Reuter Mota Carrera, consagrada e coordenadora da Comunidade Epifania; Doris Pereira de Almeida, pedagoga e membro fundador da Comunidade Epifania; Noemita Alexandre, bibliotecária do Cecates.

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Formação Missionária com participação da Comunidade Epifania

A Comissão Missionária da Arquidiocese de Vitória e a Comunidade Epifania, realizaram neste sábado dia 06 de junho, na Área Pastoral de Benevente, mais um encontro de Animação Missionária e repasse do Congresso Missionário de 2023.

Pela manhã na paróquia Nossa Senhora da Conceição com as paróquias de Alfredo Chaves e Anchieta e a tarde com as paróquias de Guarapari na Paróquia São Pedro de Muquiçaba e totalizaram 90 pessoas na formação Missionária.

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Pentecostes e o início do Tempo da Igreja

Após a vinda do Espírito Santo no Pentecostes, a Igreja pode ser chamada: “povo congregado na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

A origem da Igreja é discutida, porém, mais do que “discutida” deve ser “reconhecida”. O mistério da Igreja (assembleia) que permanece em unidade com Cristo é tão profundo que não pode ser estabelecido um único ponto histórico de origem, mas deve ser reconhecido como um processo que se desenvolve ao longo do Novo Testamento. É no decorrer da Sagrada Escritura que o rosto da esposa de Cristo vai sendo desenhado por Deus.

Não existe um só ponto de origem da Igreja, pensar assim seria olhar de forma linear, e puramente histórica. Existe uma dimensão teológica a respeito desta questão que não nos permite olhar desta forma, antes nos convida a fazê-lo a partir de diversas perspectivas. Sendo assim, podemos dizer que cada uma das perícopes mencionadas acima fala da origem da Igreja em alguma dimensão particular (histórica, pastoral, sacramental, esponsal, missionária, etc.).

O batismo do Espírito

Os Apóstolos não iniciam a evangelização imediatamente depois de que Jesus ascende aos Céus. Ora, eles já conheciam a sua missão: pregar o Evangelho e batizar. Eles não estavam prontos? Os quarenta dias de convívio com o Ressuscitado não seriam suficiente para começar a pregação do Evangelho?

Vejamos bem, a Igreja, esposa de Cristo, unida a Cristo pelo vínculo indissolúvel da Cruz, procura em tudo imitar o seu Esposo. Se a missão de Jesus começou com o batismo, no qual o Senhor recebeu o Espírito Santo (cf. Mc 1,9-11; Mt 3,13-17; Lc 3,21-22), da mesma forma, a Igreja deve receber o batismo do Espírito, que a levará a realizar a sua missão: o Pentecostes. Efetivamente, antes da sua Ascensão, Jesus deixou à sua Igreja duas missões, pregar o Evangelho (cf. Mc 16,15; Mc 3,14) e batizar (Mt 28,19), no entanto, foi só depois da vinda do Espírito Santo que os Apóstolos iniciaram a missão.

Ensina o Concílio Vaticano II: “Consumada a obra que o pai confiara ao Filho para que ele realizasse na terra (cf. Jo 17,4), no dia de Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para santificar continuamente a Igreja, e assim dar aos crentes acesso ao Pai, por Cristo num só Espírito (cf. Ef 2,18)” E ainda: “Sem dúvida o Espírito Santo já agia no mundo, antes ainda de que Cristo fosse glorificado. Contudo, foi no dia de Pentecostes que ele desceu sobre os discípulos, para permanecer com eles eternamente (cf. Jo 14,16), e a Igreja apareceu publicamente diante da multidão e teve o seu início a difusão do Evangelho”.

O envio no Espírito

“Todos os evangelistas, ao narrarem o encontro de Cristo Ressuscitado com os Apóstolos, concluem com o mandato missionário (cf. Mt 28, 18-20; cf. Mc 16, 15-18; Lc 24, 46-49; Jo 20, 21-23). Esta missão é envio no Espírito, como se vê claramente no texto de S. João: Cristo envia os Seus, ao mundo, como o Pai O enviou a Ele; e, para isso, concede-lhes o Espírito. Lucas põe em estreita relação o testemunho que os Apóstolos deverão prestar de Cristo com a ação do Espírito, que os capacitará para cumprir o mandato recebido”.

Após a vinda do Espírito Santo no Pentecostes, a Igreja pode ser chamada: “povo congregado na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Ora, se na economia da salvação o Espírito Santo é a terceira pessoa da Trindade a se revelar, somente após a sua descida dos céus sobre a Igreja, é que a Igreja tem acesso pleno a Deus para realizar a sua missão. Se bem Cristo é o fim da revelação e a ponte que dirige ao Pai, somente o Espírito faz com que o homem a atravesse. Por isso, São João Paulo II afirma que este fato deu início ao “tempo da Igreja”.

Fonte: Comunidade Shalom

bula-papa-Jubileu-2025-FotoMassimo-Valicchia-via-Reuters

Normas para a Indulgências no Ano Jubilar 2025

A Penitenciaria Apostólica do Vaticano, publicou, hoje, 13 de maio de 2024, as normas que regem a concessão de indulgências durante o Ano Jubilar 2025, bem como os locais onde serão concedidas. Fica a critérios das Igrejas Locais estabelecer outros locais, seguindo as orientações da Santa Sé. Confira abaixo as normas publicadas no site vaticannews.va.

SOBRE A CONCESSÃO DA INDULGÊNCIA
DURANTE O JUBILEU ORDINÁRIO DO ANO 2025
PROCLAMADO POR SUA SANTIDADE O PAPA FRANCISCO

“Agora chegou o momento dum novo Jubileu, em que se abre novamente de par em par a Porta Santa para oferecer a experiência viva do amor de Deus” (Spes non confundit, 6). Na bula de proclamação do Jubileu Ordinário de 2025, o Santo Padre, no momento histórico atual em que, “esquecida dos dramas do passado, a humanidade encontra-se de novo submetida a uma difícil prova que vê muitas populações oprimidas pela brutalidade da violência” (Spes non confundit, 8), convida todos os cristãos a tornarem-se peregrinos de esperança. Esta é uma virtude a redescobrir nos sinais dos tempos, os quais, contendo “o anélito do coração humano, carecido da presença salvífica de Deus, pedem para ser transformados em sinais de esperança” (Spes non confundit, 7), que deverá ser obtida sobretudo na graça de Deus e na plenitude da Sua misericórdia.

Já na bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia de 2015, o Papa Francisco sublinhava o quanto a Indulgência adquiria, naquele contexto, “uma relevância particular” (Misericordiae vultus, 22), uma vez que a misericórdia de Deus “torna-se indulgência do Pai que, através da Esposa de Cristo, alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado” (ibid.). Do mesmo modo, hoje, o Santo Padre declara que o dom da Indulgência “permite-nos descobrir como é ilimitada a misericórdia de Deus. Não é por acaso que, na antiguidade, o termo «misericórdia» era cambiável com o de «indulgência», precisamente porque pretende exprimir a plenitude do perdão de Deus que não conhece limites” (Spes non confundit, 23). A Indulgência é, pois, uma graça jubilar.

Também por ocasião do Jubileu Ordinário de 2025, portanto, por vontade do Sumo Pontífice, este “Tribunal de Misericórdia”, ao qual compete dispor tudo o que diz respeito à concessão e ao uso das Indulgências, pretende estimular os ânimos dos fiéis a desejar e alimentar o piedoso desejo de obter a Indulgência como dom de graça, próprio e peculiar de cada Ano Santo, e estabelece as seguintes prescrições, para que os fiéis possam usufruir das “disposições necessárias para poder obter e tornar efetiva a prática da Indulgência Jubilar” (Spes non confundit, 23).

Durante o Jubileu Ordinário de 2025, permanecem em vigor todas as outras concessões de Indulgência. Todos os fiéis verdadeiramente arrependidos, excluindo qualquer apego ao pecado (cf. Enchiridion Indulgentiarum, IV ed., norm. 20, § 1) e movidos por um espírito de caridade, e que, no decurso do Ano Santo, purificados pelo sacramento da penitência e revigorados pela Sagrada Comunhão, rezem segundo as intenções do Sumo Pontífice, poderão obter do tesouro da Igreja pleníssima Indulgência, remissão e perdão dos seus pecados, que se pode aplicar às almas do Purgatório sob a forma de sufrágio:

I.- Nas sagradas peregrinações

Os fiéis, peregrinos de esperança, poderão obter a Indulgência Jubilar concedida pelo Santo Padre se empreenderem uma piedosa peregrinação:

a qualquer lugar sagrado do Jubileu: aí participando devotamente na Santa Missa (sempre que as normas litúrgicas o permitam, poderá recorrer-se especialmente à Missa própria para o Jubileu ou à Missa votiva: Pela reconciliação, Pelo perdão dos pecados, Para pedir a virtude da caridade e Para promover a concórdia); numa Missa ritual para conferir os sacramentos da iniciação cristã ou a Unção dos Enfermos; na celebração da Palavra de Deus; na Liturgia das Horas (Ofício de Leituras, Laudes, Vésperas); na Via-Sacra; no Rosário Mariano; no hino Akathistos; numa celebração penitencial, que termine com as confissões individuais dos penitentes, como está estabelecido no Rito da Penitência (forma II);

em Roma: a pelo menos uma das quatro Basílicas Papais Maiores: São Pedro no Vaticano, Santíssimo Salvador em Laterão, Santa Maria Maior, São Paulo fora de Muros;

na Terra Santa: a pelo menos uma das três basílicas: do Santo Sepulcro em Jerusalém, da Natividade em Belém, da Anunciação em Nazaré;

noutras circunscrições eclesiásticas: à igreja catedral ou a outras igrejas e lugares santos designados pelo Ordinário do lugar. Os Bispos terão em conta as necessidades dos fiéis, assim como a própria oportunidade de manter intacto o significado da peregrinação com toda a sua força simbólica, capaz de manifestar a necessidade ardente de conversão e reconciliação;

II.- Nas piedosas visitas aos lugares sagrados

Ademais, os fiéis poderão obter a Indulgência jubilar se, individualmente ou em grupo, visitarem devotamente qualquer lugar jubilar e aí dedicarem um côngruo período de tempo à adoração eucarística e à meditação, concluindo com o Pai-Nosso, a Profissão de Fé em qualquer forma legítima e invocações a Maria, Mãe de Deus, para que, neste Ano Santo, todos possam “experimentar a proximidade da mais afetuosa das mães, que nunca abandona os seus filhos” (Spes non confundit, 24).

Na particular ocasião do Ano Jubilar, poderão visitar-se, para além dos supramencionados insignes lugares de peregrinação, estes outros lugares sagrados nas mesmas condições:

em Roma: a Basílica de Santa Cruz em Jerusalém, a Basílica de São Lourenço fora de Muros, a Basílica de São Sebastião (recomenda-se vivamente a devota visita conhecida como “das sete Igrejas”, tão cara a São Filipe Neri), o Santuário do Divino Amor, a Igreja do Espírito Santo em Sassia, a Igreja de São Paulo “alle Tre Fontane”, o lugar do Martírio do Apóstolo, as Catacumbas cristãs; as igrejas dos caminhos jubilares dedicadas ao Iter Europaeum e as igrejas dedicadas às Mulheres Padroeiras da Europa e Doutoras da Igreja (Basílica de Santa Maria sobre Minerva, Santa Brígida em Campo de’ Fiori, Igreja Santa Maria da Vitória, Igreja de “Trinità dei Monti”, Basílica de Santa Cecília em Trastevere, Basílica de Santo Agostinho em Campo Marzio);

noutros lugares do mundo: as duas Basílicas Papais menores de Assis, de São Francisco e de Santa Maria dos Anjos; as Basílicas Pontifícias de Nossa Senhora de Loreto, de Nossa Senhora de Pompeia, de Santo António de Pádua; qualquer Basílica menor, igreja catedral, igreja concatedral, santuário mariano, assim como, para o benefício dos fiéis, qualquer insigne igreja colegiada ou santuário designado por cada Bispo diocesano ou eparquial, bem como santuários nacionais ou internacionais, “lugares sagrados de acolhimento e espaços privilegiados para gerar esperança” (Spes non confundit, 24), indicados pelas Conferências Episcopais.

Os fiéis verdadeiramente arrependidos que não puderem participar nas celebrações solenes, nas peregrinações e nas piedosas visitas por motivos graves (como, primeiramente, todas as monjas e monges de clausura, os idosos, os doentes, os reclusos, assim como quantos, nos hospitais ou noutros lugares de assistência, prestam um serviço continuado aos doentes), receberão a Indulgência jubilar nas mesmas condições se, unidos em espírito aos fiéis presentes, sobretudo nos momentos em que as palavras do Sumo Pontífice ou dos Bispos diocesanos forem transmitidas através dos meios de comunicação, recitarem nas suas casas ou nos lugares onde o impedimento os reter (por exemplo, na capela do mosteiro, do hospital, do centro de assistência, da prisão…) o Pai-Nosso, a Profissão de Fé em qualquer forma legítima e outras orações em conformidade com as finalidades do Ano Santo, oferecendo os seus sofrimentos ou as dificuldades da sua vida;

III.- Nas obras de misericórdia e de penitência

Além disso, os fiéis poderão obter a Indulgência jubilar se, com ânimo devoto, participarem em Missões populares, em exercícios espirituais ou em encontros de formação sobre os textos do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica, que se realizem numa igreja ou noutro lugar adequado, segundo a intenção do Santo Padre.

Apesar da norma segundo a qual se pode obter uma só Indulgência plenária por dia (cf. Enchiridion Indulgentiarum, IV ed., norm. 18, § 1), os fiéis que terão praticado o ato de caridade a favor das almas do Purgatório, se se aproximarem legitimamente do sacramento da Comunhão uma segunda vez no mesmo dia, poderão obter duas vezes no mesmo dia a Indulgência plenária, aplicável apenas aos defuntos (entende-se no âmbito de uma celebração eucarística; cf. cân. 917 e Pontificia Commissione per l’interpretazione autentica del CIC, Responsa ad dubia, 1, 11 iul. 1984). Com esta dupla oblação, cumpre-se um louvável exercício de caridade sobrenatural, através daquele vínculo pelo qual estão unidos no Corpo místico de Cristo os fiéis que ainda peregrinam sobre a terra, juntamente com aqueles que já completaram o seu caminho, em virtude do facto de que “a Indulgência Jubilar, em virtude da oração, destina-se de modo particular a todos aqueles que nos precederam, para que obtenham plena misericórdia” (Spes non confundit, 22).

Mas, de modo particular, precisamente “no Ano Jubilar, seremos chamados a ser sinais palpáveis de esperança para muitos irmãos e irmãs que vivem em condições de dificuldade” (Spes non confundit, 10): a Indulgência está, portanto, ligada também às obras de misericórdia e de penitência, com as quais se testemunha a conversão empreendida. Os fiéis, seguindo o exemplo e o mandato de Cristo, sejam encorajados a praticar mais frequentemente obras de caridade ou misericórdia, principalmente ao serviço daqueles irmãos que se encontram oprimidos por diversas necessidades. Mais concretamente, redescubram “as obras de misericórdia corporal: dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos” (Misericordiae vultus, 15) e redescubram também “as obras de misericórdia espiritual: aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos” (ibid.).

Do mesmo modo, os fiéis poderão obter a Indulgência jubilar se se deslocarem para visitar por um côngruo período de tempo os irmãos que se encontrem em necessidade ou dificuldade (doentes, presos, idosos em solidão, pessoas com alguma deficiência…), quase fazendo uma peregrinação em direção a Cristo presente neles (cf. Mt 25, 34-36) e cumprindo as habituais condições espirituais, sacramentais e de oração. Os fiéis poderão, sem dúvida, repetir estas visitas no decurso do Ano Santo, adquirindo em cada uma delas a Indulgência plenária, mesmo quotidianamente.

A Indulgência plenária jubilar também poderá ser obtida mediante iniciativas que implementem de forma concreta e generosa o espírito penitencial, que é como que a alma do Jubileu, redescobrindo em particular o valor penitencial das sextas-feiras: abstendo-se, em espírito de penitência, durante pelo menos um dia, de distrações fúteis (reais mas também virtuais, induzidas, por exemplo, pelos meios de comunicação social e pelas redes sociais) e de consumos supérfluos (por exemplo, jejuando ou praticando a abstinência segundo as normas gerais da Igreja e as especificações dos Bispos), assim como devolvendo uma soma proporcional em dinheiro aos pobres; apoiando obras de caráter religioso ou social, especialmente em favor da defesa e da proteção da vida em todas as suas fases e da própria qualidade de vida, das crianças abandonadas, dos jovens em dificuldade, dos idosos necessitados ou sós, dos migrantes de vários Países “que deixam a sua terra à procura duma vida melhor para si próprios e suas famílias” (Spes non confundit, 13); dedicando uma parte proporcional do próprio tempo livre a atividades de voluntariado, que sejam de interesse para a comunidade, ou a outras formas semelhantes de empenho pessoal.

Todos os Bispos diocesanos ou eparquiais e aqueles que pelo direito lhes são equiparados, no dia mais oportuno deste tempo jubilar, por ocasião da celebração principal na catedral e nas igrejas jubilares individuais, poderão conceder a Bênção Papal com a Indulgência Plenária anexa, que pode ser obtida por todos os fiéis que receberem tal Bênção nas condições habituais.

Para que o acesso ao sacramento da Penitência e à consecução do perdão divino através do poder das Chaves seja pastoralmente facilitado, os Ordinários locais são convidados a conceder aos cónegos e aos sacerdotes que, nas Catedrais e nas Igrejas designadas para o Ano Santo, puderem ouvir as confissões dos fiéis, as faculdades limitadamente ao foro interno, como se indica, para os fiéis das Igrejas Orientais, no cân. 728, § 2 do CCIO, e, no caso de uma eventual reserva, o cân. 727, excluídos, como é evidente, os casos considerados no cân. 728, § 1; para os fiéis da Igreja latina, as faculdades indicadas no cân. 508, § 1 do CDC.

A este propósito, esta Penitenciaria exorta todos os sacerdotes a oferecer com generosa disponibilidade e dedicação a mais ampla possibilidade dos fiéis usufruírem dos meios da salvação, adotando e publicando horários para as confissões, de acordo com os párocos ou os reitores das igrejas vizinhas, estando presentes no confessionário, programando celebrações penitenciais de forma fixa e frequente, oferecendo também a mais ampla disponibilidade de sacerdotes que, por terem atingido limite de idade, não tenham encargos pastorais definidos. Dependendo das possibilidades, recorde-se ainda, segundo o Motu Proprio Misericordia Dei, a oportunidade pastoral de ouvir as Confissões também durante a celebração da Santa Missa.

Para facilitar a tarefa dos confessores, a Penitenciaria Apostólica, por mandato do Santo Padre, dispõe que os sacerdotes que acompanhem ou se unam a peregrinações jubilares fora da própria Diocese possam valer-se das mesmas faculdades que lhes foram concedidas na sua própria Diocese pela autoridade legítima. Faculdades especiais serão depois concedidas por esta Penitenciaria Apostólica aos penitenciários das basílicas papais romanas, aos cónegos penitenciários ou aos penitenciários diocesanos instituídos em cada uma das circunscrições eclesiásticas.

Os confessores, depois de terem amorosamente instruído os fiéis acerca da gravidade dos pecados aos quais estiver anexada uma reserva ou uma censura, determinarão, com caridade pastoral, penitências sacramentais apropriadas, de modo a conduzi-los o mais possível a um arrependimento estável e, segundo a natureza dos casos, a convidá-los à reparação de eventuais escândalos e danos.

Enfim, a Penitenciaria convida fervorosamente os Bispos, enquanto detentores do tríplice múnus de ensinar, guiar e santificar, a ter o cuidado de explicar claramente as disposições e os princípios aqui propostos para a santificação dos fiéis, tendo em conta de modo particular as circunstâncias de lugar, cultura e tradições. Uma catequese adequada às características socioculturais de cada povo poderá propor de forma eficaz o Evangelho e a integridade da mensagem cristã, enraizando mais profundamente nos corações o desejo deste dom único, obtido em virtude da mediação da Igreja.

O presente Decreto tem validade para todo o Jubileu Ordinário de 2025, não obstante qualquer disposição contrária.

Dado em Roma, da sede da Penitenciaria Apostólica, 13 de maio de 2024, Memória da Beata Virgem Maria de Fátima.

Angelo Card. De Donatis

Penitenciário-Mor

S.E. Dom Krzysztof Nykiel

Regente

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Comunidade Epifania em repasse missionário

A Comunidade Epifania com a participação da Maria Amélia, consagrada da comunidade, participou em comunhão com a Comissão Missionária da Arquidiocese de Vitória de um encontro de Animação Missionária na Área Pastoral de Cariacica – Viana. O evento teve como objetivo repassar as experiências vivenciadas durante o Congresso Missionário e fortalecer o espírito missionário.

O evento foi marcado por momentos de partilha, oração e planejamento de atividades missionárias para os próximos meses.